sábado, 27 de abril de 2024

Lucidez

As vezes a ficha cai quando você está na fila do caixa esperando a sua vez de pagar o boleto que vence hoje, ela cai no meio da sua aula de beach tênis, com a raquete na mão , enquanto a voz do seu professor ecoa longe, exigindo que você se concentre e acerte a bola no alto, ela cai no meio de uma quarta feira, enquanto você separa as roupas claras das escuras antes de colocar para lavar, ela cai no trajeto entre a sua casa e o supermercado, naquela ida para comprar papel higiênico , ela cai enquanto você faz o seu cocozinho matinal.

E quando ela cai é inevitável, a gente quer resolver ali, no meio de alguma tarefa ordinária do dia o que talvez tenha levado anos para ser assimilado, a ficha não cai quando a gente quer que ela caia, um dia , de forma até inesperada,  ela cai.

E as vezes o máximo que a gente consegue fazer quando ela cai é pagar o boleto, dar a raquetada, lavar as roupas brancas separadas das escuras,( porque se por acaso ou distração uma meia rosa ficar escondida no meio das suas roupas brancas, amigos, vocês terão problemas),  comprar o papel higiênico, terminar o seu cocozinho matinal.

Quando no máximo é isso, seguir em frente , siga. A ficha caiu. A ficha cai sobre assuntos do passado , o assunto, os envolvidos, os cenários já não estão mais na sua vida, não tem como voltar e dar a resposta necessária, o tapa necessário, o berro necessário, o silêncio necessário. 


Ela caiu, aproveite a lucidez. 






segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Dicas de documentários sobre crimes reais, para você ter medo de ir até a cozinha tomar água de madrugada !

 Eu sei o que você fez no fim de semana passado… mentira, eu não sei, mas presumo que se você não saiu para “pular carnaval” , que expressão idosa; você provavelmente ficou em casa tentando escolher algo para assistir na Netflix. 

Eu sou da segunda turma e  recentemente eu estava à procura de documentários com o  tema crimes reais para assistir e atualizar as paranoias, achei interessante compartilhar com vocês 5 dos que já assisti   e ajudar na sua próxima hibernação em casa no fim de semana. Eu me considero uma pessoa sensível a esses temas, mas a minha curiosidade é maior, admito que depois de assistir esses documentários eu coloco um Bob Esponja , um Legalmente loira, Meu amigo Totoro  ou algo do gênero para limpar um pouco a sujeira da violência consumida nos conteúdos de crimes reais.

O primeiro chama-se :Mistérios sem solução, na verdade é uma série documental que  conta com três temporadas,  casos de crimes reais e até eventos considerados paranormais são dramatizados por atores e relatados por familiares e profissionais envolvidos nos casos, dentre os episódios que considero mais chocantes, curiosos, assustadores estão : a chacina contra a família Dupont de Ligonnes e o caso da Elisa Sam no hotel Cecil. Os casos ainda estão sem resolução,na minha opinião, o que  torna tudo mais perturbador.

O segundo: Cenas de um homicídio, uma família vizinha ,neste documentário o desaparecimento de uma mulher grávida e suas duas pequenas e adoráveis filhas torna-se um chocante crime brutal . Neste documentário  as cenas foram retiradas das câmeras acopladas as roupas dos policiais que iniciaram as investigações, com o desenrolar da investigação, a crueldade e a motivação para o crime causam uma repugnância tão grande que é impossível não passar horas e até dias chocados com a capacidade de  atos tão frios e  violentos. 

Terceiro: Isabella, O caso Nardoni, por meio de depoimentos de familiares e imagens da época, este documentário narra os acontecimentos deste caso de comoção nacional aqui no Brasil, Isabella, em um fim de semana sob cuidados do pai e da madrasta morre após ser jogada do prédio em que o casal residia em São Paulo. Detalhes da investigação e depoimentos da mãe da menina compõem a narrativa que durante anos ficou sob domínio da polícia investigativa e da mídia sensacionalista da época. 

Quarto: “Cirurgião do Mal” conta a história de Paolo Macchiarini , um médico famoso por tratamentos experimentais em medicina regenerativa, que usou pacientes como cobaias para transplantes de traqueia sintéticas recobertas por células tronco, prometendo cura e  reabilitação de problemas respiratórios; além das atrocidades cometidas pelo médico no ambiente hospitalar, impressiona a maneira como ele enganou chefes, colegas de trabalho, pacientes  e mulheres que se envolveram em sua trama sedutora.

Quinto: Mochileiro Kai, herói ou assassino? Caso que demonstra como a internet e as mídias são capazes de fabricar celebridades sem ao menos conhecê-las, “Kai” foi entrevistado por um canal de TV após “salvar” uma pessoa de uma agressão física e racial, sua entrevista foi lançada no Youtube pelo repórter. Devido ao comportamento espontâneo e carismático do entrevistado, o vídeo ganhou força e viralizou espontaneamente , Kai logo foi lançado a fama, tendo recebido inúmeras propostas de trabalho na Tv, entrevistas e participações em shows, virou uma espécie de celebridade , até que seu comportamento instável e imprevisível começaram a causar desconforto e levantar suspeitas sobre os fatos por ele relatados na entrevista que o deixou famoso.

  • Dica bônus: "Bling Ring: A História por Trás dos Roubos" documentário que conta a história de uma gangue de adolescentes/ jovens que invadia mansões de famosos com extrema facilidade e roubava itens de luxo, de forma atrevida e ousada, nunca tratados como criminosos, hoje adultos, eles contam através de suas narrativas pessoais  as motivações, as estratégias e os acontecimentos da época dos crimes. Há um filme com o mesmo nome “Bling Ring” , pelo que pesquisei, disponível no Prime Video.

Espero que gostem das dicas. Já assistiu algum ? Gosta de histórias de crimes reais? Me indica aqui nos comentários.👀👀👀




quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Sob o sol da Toscana- Um filme para apreciar e se encantar.


Rolando o meu catálogo da Netflix durante um fim de semana, me curando de uma gripe e outras questões,  deparo-me com  uma "capa" de filme  amarelinho, iluminado, uma moça bonita e de cabelos loiros dourados e sorridente, clico para saber mais sobre aquela história, em resumo, uma escritora recém divorciada compra, por impulso, uma casa numa vila na Toscana, casa essa que precisa passar por reforma.

 De certa forma, contentei-me com esta breve sinopse e já a considerei  suficiente para  apertar em "assistir".  Pensava eu , tratar-se de uma comédia romântica daquelas bem melodramáticas, água com açúcar, mas a simbólica deste filme me captou do início ao fim, sem pausas, sem toques no telefone, sem tirar os olhos da tela, enquanto Frances Mayes seguia seu propósito. 

Pensava eu, ser daquelas comédias românticas em que tudo dá certo antes mesmo do filme acabar, pensava numa reviravolta mirabolante, cheia de surpresas. Mas o que me captou neste filme foram as  relações estabelecidas pela protagonista, ao comprar a casa, sem saber quase nada a respeito do local, da vizinhança, dos problemas estruturais, ela embarca numa viagem de reforma, reconstrução externa e interna.

 Tudo no filme é voltado para as mudanças feitas a partir da escolha, a primeira vista impulsiva, da protagonista. A casa e a vida de Frances vão adquirindo novas formas, mais vibrantes ,  vivas e funcionais , à medida que a casa vai sendo reformada. Atenção para o spoiler, uma das cenas mais fantásticas , no meu ponto de vista,  tem a ver com uma torneira instalada a área interna da casa, no primeiro contato de Frances com a casa, ela esbarra nessa torneira, tenta abri-la e logo descobre que não sai água dali, com o desenrolar da história, se não me engano , em uma de suas últimas cenas,  a torneira volta a funcionar, simbolizando o fluir da vida  depois das grandes mudanças experienciadas pela protagonista. 

Depois de assistir e me interessar bastante pela história, eu comecei a pesquisar sobre o filme, as gravações , o elenco e descobri tratar-se de um filme inspirado em uma história real. A Frances Mayes existe, o que deixa tudo ainda mais incrível. Outro ponto que vale citar, as paisagens são lindas, figurinos de muito bom gosto, e a trilha sonora não invade nenhuma cena, é um filme leve, harmonioso e suave, como um bom vinho na Toscana (ainda viverei essa experiência, por enquanto a imagino ).

Um filme de 2003, classificado como comédia/ romance. Com uma atuação brilhante da Diane Lane  , o elenco  ainda conta com Sandra Oh ( Cristina Yang- Grey's Anatomy) , Kate Walsh ( Dra Addison Montgomery ( Grey's Anatomy) , inclusive as duas Grey's estão como casal neste filme, eu como fã de Grey's Anatomy adorei vê-las em outros papéis. 

Deixo essa indicação de coração tranquilo para fãs de comédia romântica, perfeita para dias nublados, tanto por dentro, quanto por fora .

Com carinho, Cynthia.




sexta-feira, 19 de agosto de 2022

NORMAL

 Diante da rotina, do despertador que toca antes do sol aparecer, do banho rápido, do café engolido de pé na cozinha do apartamento alugado, da banana enfiada às pressas na bolsa antes de sair de casa , eu repasso ao menos semanalmente o roteiro que vez e outra considero tedioso. Acontecem outras milhares de pequenas coisas durante o dia que nem vem ao caso aqui, mas acontece que no dia em que não começo o meu dia  me enfiando numa roupa azul marinho e me encaminhando ao trabalho, eu reflito o quão tediosa tem sido a minha rotina. Nada espetacular acontece, nada que mude de uma hora para outra a minha realidade, nada de prêmios milionários, reviravoltas em histórias de amor do passado que não deram certo, nada de arrasta pra cima que triplica a minha renda...  comigo não rolou ainda,  nadica de nada, só a boa e velha rotina de sempre. Mas sempre que reflito sobre isso, me vem à memória uma história que não lembro mais se ouvi, li, ou assisti ... É a história de uma moça, cujo nome não vou lembrar também, sou uma péssima contadora de histórias para quem se apega a detalhes, mas vamos lá.


 Essa moça , assim como eu, vinha refletindo sobre a rotina tediosa que levava , nada de extraordinário, nada que disparasse uma bomba de adrenalina durante seu dia de vinte e quatro horas, que vez ou outra pareciam um replay, um looping ...nada. Num certo dia essa moça abre os olhos e está dentro de um hospital, numa maca com ataduras em locais que ela nem considerava possíveis de serem enfaixados, não entendia ao certo o que havia acontecido, mas logo a explicaram que não tratava-se de um coma de 15 anos, mas de uma perda de consciência após um atropelamento naquele mesmo dia, até aquele momento não vizualizara rostos conhecidos, não haviam conseguido avisar familiares. Sozinha, num hospital, alguns ossos quebrados e zero noção do que havia acontecido.  Sede , fome, frio , exposição e ninguém conhecido por perto. Tudo que sabia sobre o ocorrido limitava-se ao que contavam para ela.  Do que lembro dessa história, cabe aqui um desfecho rápido e que me traz reflexão: Entre ossos quebrados, perda temporária da memória,  sensação de abandono, dor e incertezas, a moça , que recuperou-se bem do ocorrido, desejava e pedia a Deus que pudesse voltar o mais rapidamente quanto fosse possível a sua rotina "tediosa". 
Afinal, deslocar-se até o banheiro, comer e realizar suas necessidades básicas de forma autônoma , transformaram-se em atividades espetaculares a partir de então. Aqueles dias hospitalizada foram dias de rotina alterada, adrenalina e nada monótonos, mas de um jeito que ela não esperava que a vida pudesse se transformar num "passe de mágica." 

A reflexão que faço atualmente sobre a rotina é dar atenção aos pequenos atos. Sair do automático, mesmo no café de pé na cozinha, no banho rápido , durante a limpeza da pia e das infinitas louças... e de tantas outras pequenas atividades dos dias normais de pessoas normais.

Um dia normal é um bom dia! 



Lucidez

As vezes a ficha cai quando você está na fila do caixa esperando a sua vez de pagar o boleto que vence hoje, ela cai no meio da sua aula de ...